Mariana Enriquez foi meu primeiro contato com a literatura contemporânea da América Latina. Lembro do furor causado quando As Coisas que Perdemos no Fogo foi lançado aqui, em 2017. Acabei lendo só no ano seguinte, e desde então fiquei mais atenta a esses lançamentos — foi um perÃodo muito importante pra mim, quando estava começando a compreender que tipo de terror eu estava buscando, que tipos de leituras eu queria fazer, e descobrindo um enorme e vasto campo onde a literatura escrita por mulheres é extremamente fértil: o insólito.
Nunca me incomodei de ler a mesma história contada várias vezes, desde que seja por pessoas diferentes. Romeu e Julieta ou Macbeth dificilmente seriam os mesmo se Stephen King ou Octavia Butler os escrevessem. O que me interessa, quando uma história é contada mais de uma vez, são os elementos que os autores novos trazem. O que eles fizeram de diferente aqui?
Alguns livros aparecem em nossas vidas nos momentos errados. Como comentei no meu texto anterior de Crônicas Vampirescas, em Entrevista com o Vampiro, eu li o livro em um momento que me fez desgostar muito de tudo o que acontecia ali, o que me fez pegar uma certa birra da Anne Rice. Achava tudo muito fascinante, mas não queria gastar meu tempo lendo. A segunda vez que li Entrevista com o Vampiro foi ainda pior. Mas dizem que é a terceira que vale, e foi na terceira vez que li que eu finalmente entendi o sentimento de furor e paixão que o pessoal tanto dizia. Mas, uma observação: continuo achando o filme brega, mas de uma forma boa, que combina perfeitamente com o livro.